quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Preparando sua Estação para uma Rádio Emergência


Diante de uma emergência o radioamador pode atuar de duas formas:
  1. Operando sua estação ou de seu clube/associação no QTH ou
  2. Montando sua estação "no campo" (no local da emergência).
Cada uma destas opções requer cuidados diferenciados e que devem ser observados, para que a atuação do radioamador seja efetiva. Da mesma forma, deve-se agir ANTECIPADAMENTE no sentido de ter uma estação adequada para uso em emergência. Soluções apressadas e tomadas de forma intempestiva não garantem um bom resultado.

O que vamos abordar aqui são apenas algumas considerações que não esgotam o assunto e nem pretendem ser definitivas. Devem servir mais como um guia, que complementará a experiência pessoal de cada radioamador, e fomentará o debate. Para que sua estação (ou de seu Grupo Escoteiro) esteja realmente pronta para uma operação em emergência, algumas questões deve ser levantadas e adequadamente respondidas:

Como está a minha disponibilidade de fornecimento de energia para meus equipamentos? Existem fontes alternativas?
Quantas fontes de alimentação possuo e qual a capacidade de fornecimento de corrente delas, assim como seu estado geral, são itens que deve ser levados em conta e ser de imediato conhecimento.

Se não possuo uma fonte de "backup" posso ter uma fonte de emergência usando uma bateria comum de automóvel. A existência dessas fontes "reserva" possibilitará maior autonomia da minha estação. Podemos usar ainda outras fontes, tais como ENERGIA EÓLICA, SOLAR ou mesmo GERADORES (que são mais comuns). No caso dos geradores devemos atentar ainda para a questão do combustível.

Importante ainda é que tenhamos conhecimento do consumo de corrente elétrica necessário para o funcionamento de meus equipamentos. Esta informação definirá a autonomia da minha estação (tempo de funcionamento) no caso do uso de baterias ou geradores.

Como estão minhas antenas? E o cabeamento?
Todo radioamador sabe que o ponto fraco de nossas estações é a dupla antena/cabeamento. Em uma emergência podemos até mesmo improvisar e montar antenas "de fortuna". Mas esta não é a situação ideal. Conhecer as minhas antenas, suas limitações, e suas características é de suma importância em uma emergência.

Outra informação importante diz respeito a faixa de operação em que a minha antena trabalha. Ela é adequada ao plano de freqüências previsto para a operação em emergência? No caso de uma operação em HF, meu transceptor tem um “acoplador de antena” interno ou eu possuo um “externo” em perfeitas condições de uso?

E se pretendo montar uma base de operações fora do meu QTH devo pensar ainda sobre o deslocamento das antenas e sua instalação. O local de operações oferece as condições necessárias para a instalação das antenas?

E de nada adianta um bom conjunto de antenas e todas as condições anteriores satisfeitas, se para uma emergência eu guardei todas as sobras de cabo da última reforma do shack... Aqueles cabos oxidados, com conectores velhos e não confiáveis, que não mais me serviam. E aqui a lógica é simples: se tais cabos não me atendiam mais no “dia-a-dia”, poderei confiar neles numa EMERGÊNCIA? Cabos, conectores e adaptadores de reserva e em boas condições podem (e vão) fazer toda a diferença.

Qual o Plano de Frequência de Emergência da minha região?
Bombeiros, Polícia, Estrada, Serviço Marítimo e Aeronáutico, cada um destes serviços tem suas próprias sub-faixas no espectro de freqüências. Em uma EMERGÊNCIA, desde que “necessário, convocado e autorizado” (e claro, se o seu equipamento permitir) poderá o radioamador operar nestas sub-faixas.

Uma vez que os radioamadores podem "corujar" estas sub-faixas (mas não podem interferir, interagir ou divulgar o que ouvir) é um bom hábito a escuta, para que se vá acostumando com o linguajar de cada serviço.

Quem coordena as Emergências Rádio da minha região?
Se existe e quem é o coordenador da RENER em meu Estado, ou Município? Quem são meus contatos na REER do meu Estado e na COMDEC de minha cidade? Perguntas simples, mas que numa emergência serão extremanente úteis. Conhecendo estas pessoas, radioamadores como nós, teremos acesso a cursos, exercícios e passaremos a trabalhar em equipe, ao invés de isoladamente.

Outro fator importante é saber a quem vamos nos dirigir e a quem vamos oferecer apoio. Se há um Coordenador da RENER, nos níveis municipal ou estadual, normalmente ele estará operando já dentro da estrutura do “Comando” da ação. Ele saberá onde é mais importante um novo apoio e que tipo de apoio de rádio comunicações é mais importante a cada momento.

Conheço as repetidoras que atendem minha região?
Alcance, zonas de sombra, características, mantenedores, são de conhecimento obrigatório. Se possível conhecer as coordenadas para poder auxiliar em uma eventual manutenção.


As repetidoras, em ações de emergência, são utilizadas para todo o trafego de comunicações relativo ao evento. Assim, deve-se deixar a repetidora livre para o trafego de emergência, já é uma pequena ação importante para o bom andamento e ajuda na imagem de responsabilidade que temos que apresentar.

Estado Físico e Psicológico.
Saber das minhas REAIS condições físicas e psicológicas é de extrema importância, principalmente se tivermos que nos deslocar para a montagem de uma base de rádio em um local afastado do QTH ou com poucas (por vezes quase nenhuma) infra-estrutura de apoio.

Devemos nos preparar para, por vezes, longas jornadas à frente do rádio. Para isso respeitar os momentos de descanso, uma boa alimentação e buscar alguém para um revezamento serão atitudes de crucial importância.


Devemos nos lembrar de que a nossa missão em ações de emergência é manter a estrutura de comunicações ativa, mesmo que todas as demais formas de comunicação falhem. E não poderemos cumprir com este objetivo se estivermos física e psicologicamente esgotados e debilitados.

Habilidades específicas.
Muitas vezes, em emergências, não basta ser radioamador. "Quem está no fogo é para se queimar". E aqui não é diferente.

Pode ser que, dependendo da situação, outras habilidades, conhecimentos, experiências ou potencialidades sejam requeridas. Assim, ter isso bem claro para nós mesmo e para quem coordena o trabalho pode ser uma informação extremamente útil. E fazer a diferença em um momento específico.

Mas isto não significa que devemos assumir ou buscar novos desafios e responsabilidades que outros podem cumprir. Lembremos que nossa missão deve estar em primeiro lugar.

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